segunda-feira, 29 de março de 2010

AULA: O QUE É SOCIOLOGIA

Os seres humanos são seres sociais.

Nossa vida cotidiana é social, ou seja, não estamos sós no mundo. Estabelecemos relações com outros indivíduos e criamos regras de convivência. Imagine a seguinte situação: em 1797, um menino foi encontrado em uma floresta na França. Ele estava nu e muito sujo. Ele andava “de quatro” e parecia não entender o que se passava quando foi retirado da floresta. Descobriu-se que a criança vivia praticamente como um selvagem, sem saber falar ou se expressar. Na época se chegou à conclusão de que aquele garoto havia sido abandonado naquela floresta quando era muito pequeno. Não tão pequeno porque, afinal, ele não teria conseguido sobreviver, mas pequeno o suficiente para “esquecer” o que já havia aprendido. Ou seja, esse menino cresceu completamente isolado, ele não sabia se comportar como as pessoas que viviam em sociedade.

O ser humano não é capaz de crescer sozinho e depende do processo de socialização para tornar-se propriamente “humano”. Ou seja, que é por meio da convivência com outras pessoas que adquirimos características e comportamentos semelhantes. Crescemos em uma sociedade, e é ela que nos forma, pois internalizamos os valores criados de tal maneira que sentimos como se tivéssemos nascido com eles e tudo se torna muito normal, muito natural.

Relações em sociedade

Sociedade: Estrutura formada por grupos ligados entre si, considerados como uma unidade e participando todos de uma cultura comum.

Todos nós nascemos em sociedade. Bem antes de nascermos, já existia um conjunto de regras que determinam como devemos agir. Essas regras podem estar contidas em algum manual, como também podem não estar especificadas e mesmo assim ser de domínio público que elas devem ser respeitadas. Vejamos exemplos:

(1) Mês de janeiro, calor intenso e os alunos do 3o ano desta escola resolvem vir assistir às aulas usando trajes de banho. O que aconteceria? Certamente todos seriam suspensos ou, no mínimo seriam repreendidos por tal atitude, além de provavelmente causarem um grande tumulto. Ou seja, os alunos seriam submetidos a uma sanção, uma forma de controle social, por terem fugido à regra.

(2) Maria, uma jovem muito descontraída, resolve comparecer à cerimônia de seu casamento com João, trajando um vestido curto e vermelho. O que aconteceria? Provavelmente haveria burburinhos e comentários maldosos por parte dos convidados. Algum mais recalcado poderia se levantar e ir embora alegando que a atitude de Maria é um desrespeito aos convidados. Mas por que? Não existe nenhuma norma escrita que obrigue as noivas a se casar de vestidos longos e brancos. Por que, então, a maioria faz isso?

Esses exemplos evidenciam que regras existem para serem cumpridas e que, quando isso não acontece, a sociedade dispõe de meios para enquadrar os indivíduos. É o controle social que pode ser exercido de várias formas, seja pela exposição ao ridículo ou pelas sanções previstas em lei.

A sociedade exerce influência sobre os indivíduos, mas o homem tem a capacidade de questionar e intervir na realidade social. Ao mesmo tempo em que a sociedade exerce influência sobre os homens, essa mesma sociedade é criação humana. Ora, as sociedades não surgem do nada, elas e tudo o que diz respeito a elas (costumes, crenças e a cultura de um modo geral) foram criadas pelo homem.

A afirmação acima levanta um ponto interessante: o homem é formado pelo meio social em que vive, é produto da sociedade, mas, ao mesmo tempo, ele próprio cria e recria a sociedade.

A sociologia pretende explicar os fenômenos sociais. O que são fenômenos sociais?

Fenômenos Sociais são os fenômenos que decorrem da vida social e do comportamento humano, tais como os fenômenos econômicos (desemprego, crescimento econômico, inflação, riqueza e sua distribuição,...), demográficos (crescimento populacional, emigração e imigração, distribuição por faixas etárias), sociológicos, políticos, históricos, etc. Todos estes fenômenos sociais constituem o objeto de estudo das Ciências Sociais.

Os fenômenos sociais são complexos. Veja o exemplo do cigarro:

Todos sabem que o cigarro faz mal à saúde. Um professor de química pode nos explicar como os elementos químicos, como o alcatrão e a nicotina, reagem no organismo, podendo causar câncer de pulmão. De outro lado, a biologia pode explicar como se dá a deterioração dos pulmões. A maior parte dos fumantes sabem disso, reconhecem que o fumo pode causar até a morte, mas continuam fumando. Para entender porque as pessoas continuam fumando podemos recorrer à psicologia.

Mas basta isso para entender porque a indústria de cigarros continua vendendo tanto? A química, a biologia e a psicologia não podem responder essa questão. Aí é que entra a sociologia. Nesse caso, a sociologia explica o que está por trás disso tudo: os interesses econômicos das multinacionais que vendem os cigarros e visam o lucro.

A sociologia, como ciência, procura fugir do senso comum. O que é senso comum?

Quais as questões que você imagina ser de relevância social, ou “problemas sociais”? Você pode dizer: violência, criminalidade, desemprego, desigualdade, fome, corrupção, entre outras questões. Você pode dar uma possível explicação para esses problemas?

“Explicar” as questões mencionadas acima não é tarefa fácil. Se nós tentarmos uma explicação simplificada ou sem muita reflexão, provavelmente não será possível ir muito longe. Você pode até dizer o que pensa sobre muitos assuntos, mas se não estudar as questões à fundo, provavelmente estará dando apenas a sua opinião sobre elas. Quando nós opinamos sobre algum assunto, muitas vezes corremos o risco de utilizar o conhecimento do senso comum.

Senso comum é o conhecimento espontâneo. É uma das formas de compreensão do mundo, sem fundamento científico.

Exemplos de senso comum: Você já ouviu falar que não se pode misturar manga e leite? Ou que todo político é corrupto? Ou que todo baiano é preguiçoso?

Essas frases foram comprovadas? Podem ser explicadas cientificamente? Mas as pessoas continuam repetindo, não? São exemplos de senso comum.

O nosso cotidiano está repleto de frases desse tipo. Você pode dar exemplos de senso comum?

Então, o que seria um Senso Comum?

Poderíamos dizer que é uma resposta ou solução simples para o cotidiano, geralmente pouco elaborada e sem um conhecimento mais profundo. Senso comum é conhecimento 'popular', pode ser passado de geração para geração.

Refletir sobre a sociedade vale a pena: Se lhes perguntassem por que há poucos negros nas universidades brasileiras ou então, porque um país como o Brasil que produz tanta riqueza tem tantos pobres, o que diriam?

Não se pode dar uma explicação simplista sobre essas questões. É possível e é necessário explicar as causas da exclusão e da pobreza. Para isso é preciso investigação e estudo para que se possam formular explicações possíveis.

Todos podem ir além do que já sabem, ou “acham” saber, sobre nossa sociedade.

A sociologia pode tentar explicar todos os fenômenos sociais, os problemas que enfrentamos em nosso cotidiano, o modo como vivemos, nossas crenças e pensamentos.

Ao contrário do senso comum, ciência é investigação. Nesse sentido, a sociologia é uma ciência.

O papel da Sociologia como disciplina é justamente nos ajudar nesse sentido: a percebermos, por exemplo, que fatos considerados naturais na sociedade, como a miséria de muitos, o enriquecimento de poucos, os crimes, os suicídios, enfim, a dinâmica e a organização social podem não ser tão naturais assim.

Aula montada com as seguintes fontes:

Livro: "Sociologia para Jovens do Século XXI", de Luis Fernando Oliveira e Ricardo C. R. Costa.

Livro: "Iniciação à Sociologia", de Nelson Dacio Tomazi.

http://www.sociologia.incubadora.fapesp.br

http://www.knoow.net/cienceconempr/economia/fenomenossociais.htm#vermais